“Quero chorar o seu choro. Quero sorrir seu sorriso. Valeu por você existir, amigo”. Os versos da música do grupo Fundo de Quintal retratam bem o que significa a amizade na vida de uma pessoa. E não é só para os sentimentos. Pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) usaram a ciência para mostrar como a amizade influencia na saúde e até na satisfação com o trabalho.
Em 1937, começou o maior estudo já realizado sobre a saúde humana pela universidade. A pesquisa, que continua até hoje, acompanha milhares de pessoas. Voluntários de todas as idades e perfis, que têm a vida analisada e passam por entrevistas e exames periódicos. Tudo para responder à pergunta: “o que faz uma pessoa ser saudável?”. A conclusão é surpreendente. O fator que mais influencia no nível de saúde das pessoas não é dinheiro nem alimentação. São os amigos. “A única coisa que realmente importa é a sua aptidão social, as suas relações com outras pessoas”, disse o psiquiatra George Valliant, coordenador do estudo há 30 anos, em entrevista à revista “Super Interessante”.
Ter amigos para dividir tristezas e comemorar alegrias também protege o coração. A psicóloga Angelita Scardua, especialista em Desenvolvimento Adulto e Felicidade, explica que a amizade contribui para a liberação de ocitocina e dopamina, neurotransmissores associados a relaxamento, bem-estar e vínculos. “Há indícios em estudos científicos de que uma maior produção de ocitocina protege o sistema cardiovascular. Isso ocorre porque a substância diminui os níveis de adrenalina e contribui para a redução do estresse e do cortisol.”
A secretária Teresa Cristina Nascimento, 31, e a técnica de enfermagem Flávia Alvarenga, 32, experimentam no dia a dia os benefícios da amizade. Quando se conheceram, uma não gostava da outra. “Nós tivemos uma briga e fomos parar na diretoria do nosso trabalho”, lembra Teresa.
A partir daí, as duas decidiram se respeitar. Com o passar dos meses, uma foi conhecendo melhor a outra e a amizade nasceu. “Passávamos muitas horas juntas no trabalho, ela ficou grávida e começamos a nos aproximar. Eu a acompanhava nas ultrassonografias e viramos amigas inseparáveis”, diz a secretária.
Segundo a psicóloga Tatiana Figueiredo, com as relações de amizade é possível enxergar diferentes pontos de vista e utilizá-los para o crescimento pessoal. Justamente o que aconteceu com as amigas, que foram morar até no mesmo prédio.
Expectativa
Pesquisas apontam que os amigos são o principal indicador de bem-estar. Ter laços fortes de amizade aumenta a vida em até 10 anos e previne uma série de doenças. Pessoas com mais de 70 anos têm 22% mais chance de chegar aos 80 se mantiverem relações de amizade fortes e ativas - que ajudam mais do que ter contato com familiares.
Emocional
Ter amigos traz sentimentos de pertencer a um grupo e de segurança. A pessoa sente que tem com quem contar nos dias tristes e com quem comemorar as vitórias.
Contato físico
O efeito benéfico necessita de contato físico, onde as pessoas se olham e se abraçam.
Tempo
Amizades mais antigas dão sensação de segurança, porém as mais novas transmitem uma espécie de injeção de vigor no cérebro.
Serviço
Quem consegue ter amigos no trabalho aumenta o nível de satisfação com o emprego e com o salário. As empresas devem investir em atividades coletivas para os funcionários e em ambientes de interação.
Inteligência
Estudos recentes mostram que, quanto maior o coeficiente de inteligência de uma pessoa, menos ela se beneficia do contato com os amigos. Há diferentes teorias para explicar essa questão, como falta de paciência e desinteresse em se relacionar com pessoas menos inteligentes.
Influência
Quem anda com pessoas negativas tem mais chances de desenvolver depressão. A boa notícia é que a alegria contagia mais do que a tristeza. Um amigo alto astral levanta o ânimo.
Fonte: psicóloga Angelita Scardua e revista Super Interessante
Fonte: GazetaOnline.com.br